Mel Conseguiu

Trash ou documentário?

Assisti o filme da vez pelo nefasto método da pirataria. A seguir, minhas considerações.

Pôr um piercing na bunda deve doer horrores, mas o pessoal gosta de assistir e JackAss é um sucesso. Não obstante as piadas de ótimo humor negro, a galera assiste South Park pra ver o Kenny explodir de novo a cada capítulo. Happy Tree Friends, então: o imensurável prazer de ver os bichinhos da floresta morrerem das formas mais brutais imagináveis. Pois a violência desmedida é o "show" do polêmico (puro marketing!) "A Paixão de Cristo".

Cá entre nós, o Mel Gibson possui o jeito da coisa ("Coração Valente" já se destacava pela carnificina) e o cara não ia poupar o Salvador só porque ele está sentando ao lado de Deus. E o que ele nos reserva no filme é uma seqüência de duas horas de espancamento, açoitamento, lixamento, humilhação e outras das mais baixas formas de atentado à integridade física. Sem contar a choradeira dos discípulos que não pára um segundo. Litros de sangue ao melhor estilo trash.

Anti-semita? Jogada de publicidade! Se o filme é anti-semita então o Novo Testamento também é, posto que o roteiro é uma cópia xerox do que se lê nos Evangelhos, o que dá ao filme uma cara de documentário. A turma que estudou em colégio salesiano ou freqüentou a catequese vai lembrar de várias passagens bíblicas.

Reclamou-se dos vários finais de "O Retorno do Rei". Pois "A Paixão de Cristo" só possui um final. Um longo final de duas horas que se extende desde a cena inicial da oração de Cristo pedindo para se livrar do seu futuro iminente até a ressurreição.

Mel Gibson conseguiu. Fez mais um filme sobre Jesus. E encheu o bolso com isso.