Entubaram o YouTube

A encoxada da discórdia

O YouTube está fora do ar. A justiça determinou que eles tirassem os vídeos de amor desinibido de Cicarelli e respectivo de circulação sob pena de multa de 250 mil reais por dia de sonegação. Após mais de três meses de infecicácia da medida, Dona Justa determinou que o Brasil não vê mais vídeo de graça através do popular site americano.

O direito a imagem e privacidade são garantias contitucionais, assim devem ser resguardados pelo Estado de Direito. Mas a censura é própria do Estado Déspota, e tal determinação da justiça paulista acena com a repressão. Casos em que o direito à imagem degladeia com o direito a informação não são raros. O filme "O Povo contra Larry Flint", do mestre das biografias Milos Forman, é um bom retrato desse aspecto da vida moderna. Entre os americanos a livre expressão é sagrada. Por cá, sagrado é o patrimônio.

Penso que Cicarelli faz jus a uma indenizão pelo uso não autorizado de sua imagem. O lucro que ela não teve, mas os administradores do YouTube - recentemente vendido por US$ 1,65 bi - certamente contabilizaram. Mas quanto a privacidade, não vejo onde ela pode ter sido agredida. Quem dá uns amassos em público, em uma praia movimentada, à luz do dia, não está procurando exatamente por sossego.

O mais absurdo de todo o caso é que o bloqueio do YouTube vem quando todo mundo já viu, gravou, reproduziu e dispersou o vídeo por aí. Sem contar que outros sites disponibilizam o material facilmente encontrados com uma simples busca na net. Alguns deles possuem também o vídeo porno-infantil da Xuxa, cuja divulgação também foi proibida pelo Judiciário há muitos anos.

Seria Cicarelli a Xuxa do século XXI?

PS: Neste link vocês podem ler os argumentos do desembargador que atendeu ao pedido de Cicarelli e o voto divergente.