Possuo profundo respeito ao ramo das Histórias em Quadrinhos. Não as acompanho com habitualidade, mas o reconheço como modalidade de arte, algo ainda muito raro em nosso país. Tal respeito, porém, não me exime de pensar que o filme 300 é uma bobagem maior que o exército de Xerxes.
O que mais incomoda é a narração, plenamente dispensàvel, que vem substituir a falta de diálogos e contrução dos personagens. Talvez a tentativa de se manter fiel a todo custo a linguagem dos quadrinhos fez nascer um roteiro totalmente desprovido de ritmo.
As cenas de batalha, que são o maior atrativo do blockbuster, também deixam a desejar. O sangue jorra em litros, mas não manhca a roupa de ninguém, nem se esvai pelo chão. Onde foi parar o sangue então? Foi absorvido pela espada? Voou para fora do enquadramento?Evaporou-se no ar? Ouvi que os produtores temiam que o excesso de sangue viesse a prejudicar a classificação indivativa do filme. Ora, estamos falando de um filme onde cabeças e membros são arrancadas a esmo, não da continuação de o Rei Leão!
Além disso, impossível não comentar a atuação de Rodrigo Santoro. O Paulo de "Lost " simplesmente não entendeu o papel. Xerxes é um deus-imperador, soberano de toda Ásia, mede três metros de altura e comanda um exército de milhões. Para Santoro, no entanto, é uma bichona vaidosa e carente com uma necessidade incrível de aceitação. Totalmente errado. O ator brasileiro deveria ter se concentrado nos aspectos de sadismo e subversão que a sua personagem invoca, tendo em vista os inúmeros piercings e a quase nula presença de vestimentas, e deles extrair a "malevolosidade" do imperador Persa. Em poucas palavras: Xerxes é mais o Madame Satã de Lázaro Ramos do que a Lady Dy de "Carandiru".
Existem vários outros aspectos que avacalham a película. Deve-se, porém levar em conta que a obra não conta com atores, roteiristas e diretor da primeira linha. Ou seja, não poderia se esperar muito, ao contrário de SinCity e seus Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Benicio Del Toro, Clive Owen, Rosario Dawson, Bruce Willis, Mickey Rourke, Elijah Wood, Rught Hauer, e outros. No fim, aqui malha-se o pau em algo ruim que realmente não tinha obrigação de ser bom.
Leia ouvindo Superguidis - "Malevolosidade"