O raio que cai sete vezes no mesmo lugar

Brad Pitt como Button: "A morte vem para todos, então se conforme com sua vida"

Na semana passada, meu camarada Victor postou um vídeo que alertava para as semelhanças entre passagens de "Forrest Gump" e "O Curioso Caso de Benjamin Button". Isso não ocorre por acaso, tendo em vista que ambos roteiros são da lavra do mesmo autor: Eric Roth. Entretanto, as semelhanças entre as películas cessam por aí.

Enquanto Robert Zemecks - diretor de Gump, além da trilogia "De Volta para o Futuro - nos brinda com o divertido relato das proezas de um garoto nascido com retardo mental; David Fincher - realizador de Button, e também de "Clube da Luta" e "Zodíaco" - põe a platéia a lamuriar o inevitável fim que acometerá o menino nascido aos 80 anos. Fim que cada um já conhece quando da leitura da sinopse.

E justamente a aceitação do inevitável é que permeira a narrativa. O asilo de velhinhos, a guerra, o Katrina estão lá lembrar que por mais que sejamos diferentes, nos igualamos pelo inexorável encontro com a morte. Não basta girar o relógio biológico no sentido contrário para que se possa enganar o quarto cavaleiro do Apocalipse. Nesse ponto, chega a parecer deboche Hollywood lançar Brad Pitt na tela para pregar a todos que aceite as coisas como são.

Benjamin Button repisa o tema da morte, como um raio que cai sete vezes no mesmo iluminado cidadão. Porém, nada é acrescentado, principalmente se comparado a obras como "Nosferatu" e "O Sétimo Selo". Excetuadas a maquiagem e a fotografia perfeitas, resta o convite à resignação: fique feliz por ter sorte de ainda estar vivo!